sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A busca da pérola de grande valor



A busca da pérola de grande valor


“O verdadeiro conhecimento espiritual é como uma pérola de grande valor, pela qual buscamos por longo tempo. Um dia, nós a encontramos. Então, vendemos tudo o que temos para adquirir esse bem precioso, que vale mais do que tudo o que até então ajuntamos.’’

A aventura espiritual


Antigamente, há muito, muito tempo atrás, no meio das aldeias e das cidades, havia algumas pessoas que percebiam, no seu íntimo, apelos inexplicáveis que as faziam compreender que seus anseios já não podiam ser satisfeitos com o que aquele mundo lhes oferecia. As motivações dos seus pares já não correspondiam às suas e, em seus corações, buscavam algo que parecia ter se perdido lá longe, num horizonte onírico, do qual guardavam vagas lembranças. Uma saudade profunda sinalizava no seu íntimo, falando de algo que lhes parecia representar tudo aquilo que sempre buscaram.

Então, seguindo fortes impulsos íntimos, essas pessoas partiam, solitárias, sem mapas, deixando tudo o que amavam ou que tinham construído, sem saber se um dia voltariam. Nos corações desses peregrinos, a certeza de que a bússola interior os guiaria pelas tempestades, pelas geleiras, pelos labirintos no meio das cordilheiras. Descobririam a razão daquela saudade, encontrariam aquilo que daria sentido a suas vidas.

Ao longo do caminho, os obstáculos multiplicavam-se, como que para testar a força de vontade do caminhante. A todo momento, a decisão precisava ser tomada: continuar ou interromper a busca? Testados até a exaustão, apenas os mais corajosos e determinados persistiam. Poucos chegavam ao seu destino.

Não havia facilidades. A fibra do buscador era testada no seu limite máximo. Aqueles que acompanhavam, do alto, tal empreitada, observavam o caminhante, esperando que ele resistisse e superasse, passo a passo e com seu próprio esforço, cada perigo daquela difícil experiência. Facilitar-lhe a caminhada não era cogitado. Isso seria alimentar a ilusão de que o discípulo estivesse pronto. O discípulo deveria transpor com sua própria força o portal do conhecimento.


O encontro com o Mestre


Um dia, depois de vencer muitos obstáculos, de ter chorado todas as lágrimas possíveis, após ter demonstrado mestria nos aspectos exigidos, estando pronto no seu íntimo, inesperadamente, o Mestre lhe aparecia. Ele, que esteve esperando pelo discípulo durante todo o tempo, recebia-o, então, como a um filho profundamente amado.

Começava então seu treinamento mais intenso. As negras nuvens da sua consciência humana precisavam se desfazer por completo. Os valores da sua alma precisavam aflorar. E então, com amor, firmeza e determinação, o Mestre inspirava o discípulo no desfazer dos aspectos sombrios da sua natureza humana e na conquista da sua verdadeira identidade.
O ensinamento do Mestre era vivo. E aos poucos, sob Sua tutela e sob a luz do Seu ensinamento, o discípulo era submetido a situações nas quais os valores da sua alma eram testados. A cada vitória, um acréscimo de luz lhe era concedido. A cada derrota, precisava refazer o aprendizado.

Um dia, o discípulo era considerado apto. Então, portais espirituais abriam-se e ele entrava num novo mundo, habitado por mestres e seres celestiais. Um novo horizonte, jamais sonhado, se descortinava então diante de seus olhos.


A viagem interior


Durante muito tempo foi assim. Havia, em alguma paisagem inóspita e remota, verdadeiras passagens secretas, oásis escondidos, habitados por sábios e poderosos mestres. O estudioso da história espiritual da humanidade ouve falar desses lugares sagrados, de escolas de “mistérios”, de sábios que vivem vidas incomuns.

E, ao longo do tempo, cada homem ou mulher que estivesse pronto recebia o chamado interno para iniciar a longa viagem em busca do conhecimento espiritual. As dificuldades que apareciam no caminho eram simplesmente a materialização daquilo que precisava ser vencido internamente para se ter acesso à verdade. Assim eram conhecidos os capazes de ter nas mãos a pérola de grande valor.

Hoje os tempos são outros. A Grande Fraternidade Branca tem outros métodos para treinar seus discípulos. No entanto, os métodos atuais diferem dos de antigamente apenas na forma externa. Na essência são os mesmos. As exigências e os rigores das provas não são menores. Ao invés de longas aventuras por montanhas escarpadas e rios turbulentos, hoje o discípulo é colocado frente a frente com a aridez do seu carma e com a turbulência de suas emoções no palco de sua vida aparentemente comum. Terá de buscar a autossuperação dia após dia e demonstrar resistência, além do comum, às tentações do caminho mais fácil. No íntimo de seu coração precisará passar pelo armagedom e decidir-se entre o bem e o mal, nem sempre tão fáceis de serem diferenciados. Os testes chegam por meio dos amigos, da família, dos obstáculos naturais do dia a dia. E assim como antigamente, um dia o verdadeiro discípulo atravessará o portal e estará entre os imortais.


O despertar


Quando uma pessoa percebe que começou a trilhar a senda espiritual, já terá vencido muitos obstáculos. Colocar os pés na senda é algo reservado a poucos, justamente porque poucos estão dispostos a pagar o alto preço pela pérola de grande valor.

Hoje, dadas as circunstâncias que envolvem a humanidade, poucas pessoas chegam ao simples desejo de empreender uma busca espiritual. Assistimos a uma tal deterioração dos princípios e valores que, de modo geral, as pessoas nem mesmo almejam alcançar a verdade. Se chegam ao desejo da busca, terão ainda que enfrentar muitos caminhos tortuosos e testar seu discernimento para distinguir o falso do verdadeiro, antes de avançar na busca. As dificuldades, hoje, não são menores. E, assim como antes, poucos chegam ao destino.

Nos dias atuais, há facilidades externas para que alguém encontre o conhecimento espiritual. Livros, palestras, cursos, pessoas, as informações estão na web e por toda parte. No entanto, o verdadeiro conhecimento não poderá ser alcançado assim. Hoje há muitas formas para acordar aqueles que dormem; existem até mesmo boas sementes disponíveis para aqueles que têm uma terra fértil. Podem-se encontrar mapas valiosos. Mas tudo isso não fará de alguém um verdadeiro discípulo. Nem garantirá que o verdadeiro conhecimento seja alcançado.

Hoje o homem se distanciou tanto do verdadeiro caminho espiritual, que precisa ser lembrado de que ele existe. Havendo o despertar, cada um poderá, então, decidir-se a colocar os pés na senda e a empreender essa longa viagem interior, em busca da pérola de grande valor. Poderá partir para o encontro com o Mestre, que, no íntimo do coração,  o espera desde sempre.


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