SEM
JULGAR
Aquela moça se surpreendeu quando o senhor a chamou, em
plena rua, a menos de uma quadra do ponto de ônibus. Ele perguntou se ela iria
naquela direção.
Ela balançou a cabeça afirmativamente.
Então ele, ansioso, falou que queria lhe pedir um grande
favor.
O meu filho está lá naquele ponto de ônibus vendendo
salgadinhos. Eu gostaria que você pegasse este dinheiro e comprasse alguns.
Se não quiser comer, pode dar para alguém.
Ante o olhar curioso da jovem, ele explicou sob forte emoção:
Sabe, ele ficou quatro anos preso e hoje é seu primeiro dia
de liberdade.
Saiu para vender salgados e tentar um novo tipo de vida.
Quero estimulá-lo para que ele permaneça na honestidade e nos bons propósitos.
Ele ficou animado, ela lhe percebeu a felicidade.
De longe, ela buscou com o olhar o pai dele, mas não o viu.
Pensou que talvez tivesse se distanciado um tanto mais e, quem sabe, estaria
formulando o mesmo pedido, a outros passantes.
Enquanto seguia ao trabalho, na condução, ficou pensando
para quantas pessoas terá esse pai pedido ajuda para incentivar o filho a olhar
o mundo com confiança.
E concluiu que, realmente, não existem barreiras para se
expressar o amor.
Somente quem vivencia determinadas realidades na vida pode
registrar a profundidade do seu significado e o quanto pode ser feito em
entrega pessoal para auxiliar e recuperar.
Ter um ente querido sendo levado a ajustar contas com a
sociedade é situação que ninguém quer vivenciar.
As lágrimas, as orações, os pedidos constantes ao Pai
Celestial para que a força e a coragem não o abandonem, bem como a toda a família,
são repetitivas.
As noites insones, os pesadelos que se repetem, as
dificuldades que pressionam nos fazem muitas vezes pensar que não haverá solução.
Felizes aqueles que têm o porto seguro da fé em Deus, da
confiança em um futuro melhor, e lutam para atingir seu objetivo.
* * *
Nossos filhos são Espíritos que Deus nos empresta para que
com nossa orientação e amor possam vencer as lutas na Terra e alcançar o seu
progresso espiritual.
São almas com as quais muitas vezes tivemos contatos
anteriores e que esperam de nós, seus pais, o amparo e a dedicação que precisam
no enfrentamento de seus deslizes morais.
Quantos pais e mães se entregam em totalidade, até mesmo com
sacrifícios imensos, para que seus rebentos aprendam os valores reais da vida.
Quantos pais estarão nas esquinas observando o comportamento
de seus filhos e minimizando suas frustrações!
Quantas mães se esquecem de si mesmas continuando a
enriquecer de nobreza o coração das filhas que se desviaram do caminho reto.
Quantas avós que, depois de terem cuidado de seus filhos,
prosseguem lutando duplamente pelos netos.
Nem sempre os que observamos de fora, de longe, entendemos a
renúncia, a dedicação, os objetivos que pretendem.
Muito importante que não julguemos com frieza e com
desconhecimento.
Pensemos nisso. O amor tem razões que a própria razão
desconhece.
Redação
do Momento Espírita,
com
base em relato anônimo.
Em
23.3.2019.
Fonte:
Momento Espírita
Luz,
Amor e Gratidão
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