COMO MANTER A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NO MUNDO MATERIAL
Por Huberto Rohden – trecho extraído do livro Rumo à
Consciência Cósmica
O maior dos problemas da vida humana não é, propriamente, o
contato consciente com o mundo espiritual, pela contemplação, de que falamos. O
problema dos problemas está em como manter acesa a consciência espiritual no
meio das materialidades do mundo cotidiano.
A meditação não é um fim, mas é um meio.
Por via de regra, depois de estabelecer o contato consciente
com o Eu divino, deve o homem regressar ao plano dos seus afazeres
profissionais, trabalhando em qualquer setor honesto da vida humana – a não ser
que outra seja a sua missão peculiar.
Esse regresso, porém, é meramente externo, funcional;
internamente, experiencialmente, continua o homem a viver no “reino dos céus”,
na sua consciência crística “eu e o Pai somos um”.
Mahatma Gandhi, quando convidado para se isolar numa caverna
para manter sua espiritualidade respondeu que ele trazia dentro de si essa
caverna sagrada.
Todo homem deve ter, dentro de si, o seu céu portátil, mesmo em pleno inferno do mundo profano. Sua alma deve ser uma Vestal a alimentar o fogo sagrado no altar da Divindade.
Todo homem deve ter, dentro de si, o seu céu portátil, mesmo em pleno inferno do mundo profano. Sua alma deve ser uma Vestal a alimentar o fogo sagrado no altar da Divindade.
Para que o regresso externo ao mundo das coisas profanas
possa ser realizado sem detrimento da sacralidade interior, requer-se que o
homem esteja firmemente consolidado na experiência do seu centro divino.
Essa consolidação e solidez consiste na compreensão
experiencial da verdade última sobre si mesmo, a consciência inabalável de que
a última e mais profunda Realidade do homem é Deus, o Infinito, o Eterno.
[…]
Enquanto o homem conhece apenas a lei escravizante do seu
ego, não pode viver livre no meio dos escravos, puro no meio dos impuros, e
fará bem em tentar viver puro longe dos impuros, livre longe dos escravos,
sacro longe dos profanos. Mas, se algum dia descobrir a verdade libertadora
sobre si mesmo; se descobrir o seu Eu divino, ultrapassará todas as leis da
escravidão e ingressará na zona da verdade libertadora. E assim, plenamente
liberto, poderá viver no meio dos escravos sem perder a sua liberdade. Levará
consigo o seu nirvana espiritual ao meio de todos os sansaras materiais. Se o
pode ou não pode, isto depende unicamente do nível da sua consciência, do grau
de intensidade com que ele experimentou a verdade libertadora sobre si mesmo.
A linguagem de cada dia revela o estado de consciência do
grosso da humanidade. Quando o homem diz “eu estou doente”, ou “eu sou
inteligente”, ou ainda “eu fui ofendido”, identifica-se com algo que não é ele,
mas que apenas tem, identifica-se com o seu ego, esquecido do seu Eu, que não
pode estar doente, que não é apenas inteligente, que não pode ser ofendido.
Há milhões de anos que a humanidade vive nessa ilusão de se
identificar com o seu ego periférico. E cada homem individual vive durante
alguns decênios nessa mesma ilusão.
Por isto, é difícil ao homem quebrar os grilhões
tradicionais, habituar-se à verdade libertadora do que ele é, realmente, o seu
Eu, a sua alma, o espirito de Deus que nele habita.
É necessário que o homem se liberte dessa hipnose coletiva,
que Jesus chama “o dominador deste mundo, que é o poder das trevas, e que tem
poder sobre vós”.
Para conseguir a conquista desse “tesouro oculto” e realizar
a “única coisa necessária” é indispensável que o homem pratique,
frequentemente, o exercício de “dissociação” do seu ego, a fim de poder ouvir a
voz do Eu, que só se manifesta em profundo silêncio.
O ego vive no ruído.
O Eu habita no silêncio.
É necessário que o homem reserve, para esse silêncio
auscultativo, uma parcela das 24 horas de cada dia. O mundo chamado civilizado
costuma assinar ao homem 8 horas para o trabalho, 8 para o sono e 8 para o
descanso e os divertimentos. É evidente que com semelhante programa, marcaremos
passo a vida inteira e não sairemos, jamais, do círculo vicioso tradicional.
Meia hora de manhã cedo e, possivelmente, meia hora à noite,
é o tempo necessário para que o principiante adquira um início de experiência
espiritual. O melhor período da manhã é entre 4 e 6 horas. É indispensável, ao
principiante, que faça esse exercício de interiorização num lugar onde não seja
perturbado. Os ruídos da natureza – do mar, dos ventos, dos passarinhos etc. –
não perturbam o silencio; mas qualquer voz humana causa interferências
disturbantes.
É favorável preludiar a meditação com uma música suave e
concentrativa.
Quando o meditante entra na zona de contemplação, todas as
músicas humanas são dispensáveis; basta-lhe a música cósmica do Universo.
[…]
Somente quem atingiu o zênite da contemplação espiritual, e
se habituou a viver nela como em seu ambiente natural, é que pode, sem perigo,
regressar ao mundo das escravidões sem sucumbir à escravidão antiga. Uma vez
que conheceu vitalmente a verdade sobre si mesmo, está a tal ponto liberto de
todas as inverdades do ego que pode viver puro no meio dos impuros, livre no
meio dos escravos, porque a consciência de ele ser a “luz do mundo” lhe
conferiu definitiva imunidade. A luz é a única realidade incontaminável; pode
penetrar todas as impurezas sem se tornar impura.
É esta a meta suprema da meditação e da contemplação.
Fonte de Publicação:http://www.melhorconsciencia.com.br/page/3/
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