quinta-feira, 6 de abril de 2017

COMO MANTER A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NO MUNDO MATERIAL


Como Manter a Consciência Espiritual no Mundo Material


COMO MANTER A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NO MUNDO MATERIAL
Por Huberto Rohden – trecho extraído do livro Rumo à Consciência Cósmica

O maior dos problemas da vida humana não é, propriamente, o contato consciente com o mundo espiritual, pela contemplação, de que falamos. O problema dos problemas está em como manter acesa a consciência espiritual no meio das materialidades do mundo cotidiano.

A meditação não é um fim, mas é um meio.

Por via de regra, depois de estabelecer o contato consciente com o Eu divino, deve o homem regressar ao plano dos seus afazeres profissionais, trabalhando em qualquer setor honesto da vida humana – a não ser que outra seja a sua missão peculiar.

Esse regresso, porém, é meramente externo, funcional; internamente, experiencialmente, continua o homem a viver no “reino dos céus”, na sua consciência crística “eu e o Pai somos um”.

Mahatma Gandhi, quando convidado para se isolar numa caverna para manter sua espiritualidade respondeu que ele trazia dentro de si essa caverna sagrada. 


Todo homem deve ter, dentro de si, o seu céu portátil, mesmo em pleno inferno do mundo profano. Sua alma deve ser uma Vestal a alimentar o fogo sagrado no altar da Divindade.

Para que o regresso externo ao mundo das coisas profanas possa ser realizado sem detrimento da sacralidade interior, requer-se que o homem esteja firmemente consolidado na experiência do seu centro divino.

Essa consolidação e solidez consiste na compreensão experiencial da verdade última sobre si mesmo, a consciência inabalável de que a última e mais profunda Realidade do homem é Deus, o Infinito, o Eterno.

[…]

Enquanto o homem conhece apenas a lei escravizante do seu ego, não pode viver livre no meio dos escravos, puro no meio dos impuros, e fará bem em tentar viver puro longe dos impuros, livre longe dos escravos, sacro longe dos profanos. Mas, se algum dia descobrir a verdade libertadora sobre si mesmo; se descobrir o seu Eu divino, ultrapassará todas as leis da escravidão e ingressará na zona da verdade libertadora. E assim, plenamente liberto, poderá viver no meio dos escravos sem perder a sua liberdade. Levará consigo o seu nirvana espiritual ao meio de todos os sansaras materiais. Se o pode ou não pode, isto depende unicamente do nível da sua consciência, do grau de intensidade com que ele experimentou a verdade libertadora sobre si mesmo.

A linguagem de cada dia revela o estado de consciência do grosso da humanidade. Quando o homem diz “eu estou doente”, ou “eu sou inteligente”, ou ainda “eu fui ofendido”, identifica-se com algo que não é ele, mas que apenas tem, identifica-se com o seu ego, esquecido do seu Eu, que não pode estar doente, que não é apenas inteligente, que não pode ser ofendido.

Há milhões de anos que a humanidade vive nessa ilusão de se identificar com o seu ego periférico. E cada homem individual vive durante alguns decênios nessa mesma ilusão.

Por isto, é difícil ao homem quebrar os grilhões tradicionais, habituar-se à verdade libertadora do que ele é, realmente, o seu Eu, a sua alma, o espirito de Deus que nele habita.

É necessário que o homem se liberte dessa hipnose coletiva, que Jesus chama “o dominador deste mundo, que é o poder das trevas, e que tem poder sobre vós”.

Para conseguir a conquista desse “tesouro oculto” e realizar a “única coisa necessária” é indispensável que o homem pratique, frequentemente, o exercício de “dissociação” do seu ego, a fim de poder ouvir a voz do Eu, que só se manifesta em profundo silêncio.

O ego vive no ruído.
O Eu habita no silêncio.

É necessário que o homem reserve, para esse silêncio auscultativo, uma parcela das 24 horas de cada dia. O mundo chamado civilizado costuma assinar ao homem 8 horas para o trabalho, 8 para o sono e 8 para o descanso e os divertimentos. É evidente que com semelhante programa, marcaremos passo a vida inteira e não sairemos, jamais, do círculo vicioso tradicional.

Meia hora de manhã cedo e, possivelmente, meia hora à noite, é o tempo necessário para que o principiante adquira um início de experiência espiritual. O melhor período da manhã é entre 4 e 6 horas. É indispensável, ao principiante, que faça esse exercício de interiorização num lugar onde não seja perturbado. Os ruídos da natureza – do mar, dos ventos, dos passarinhos etc. – não perturbam o silencio; mas qualquer voz humana causa interferências disturbantes.

É favorável preludiar a meditação com uma música suave e concentrativa.

Quando o meditante entra na zona de contemplação, todas as músicas humanas são dispensáveis; basta-lhe a música cósmica do Universo.

[…]

Somente quem atingiu o zênite da contemplação espiritual, e se habituou a viver nela como em seu ambiente natural, é que pode, sem perigo, regressar ao mundo das escravidões sem sucumbir à escravidão antiga. Uma vez que conheceu vitalmente a verdade sobre si mesmo, está a tal ponto liberto de todas as inverdades do ego que pode viver puro no meio dos impuros, livre no meio dos escravos, porque a consciência de ele ser a “luz do mundo” lhe conferiu definitiva imunidade. A luz é a única realidade incontaminável; pode penetrar todas as impurezas sem se tornar impura.

É esta a meta suprema da meditação e da contemplação.


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