O autismo não vem com manual: vem com pais que não se rendem
O autismo não vem com manual. Vem com pais que não se
rendem, que levam seus filhos à terapia enquanto outros pais levam os deles ao
futebol ou ao balé. São mães que passam horas pesquisando para saber o que os
seus filhos precisam, são famílias que lutam todos os dias contra a
invisibilidade e pela felicidade daqueles que mais amam.
Nenhum filho com autismo é igual ao outro. No entanto, a
sociedade os rotula confundindo termos, usando estereótipos sem compreender que
por trás de cada diagnóstico existe uma pessoa única e excepcional. Alguém com
necessidades particulares e com uma família por trás que batalha todos os dias,
não só pela sua integração, mas pela sua inclusão.
Quero que você saiba que eu te vejo. Você é um pai ou uma
mãe de um filho com TEA (Transtorno do Espectro Autista), e vejo você lutando
todos os dias com professores, médicos e terapeutas. Vejo você chorando às
escondidas e sorrindo para o seu filho. Quero que você saiba que ninguém mais
que você sabe o que é o amor sincero.
O motivo desta realidade não está completamente claro. Por
um lado está a eficácia no próprio diagnóstico e a detecção mais precoce, mas
por outro está o grande enigma encerrado na genética e neste transtorno
biológico cuja causa ainda não é conhecida com exatidão.
No entanto, e seja como for, estamos diante de um fato
relevante: o autismo é cada vez mais comum e há mais famílias que necessitam do
nosso reconhecimento e do nosso apoio.
O autismo, este grande desconhecido
O autismo é um grande desconhecido para a maior parte da
população. Muitos o associam às pessoas com capacidades extraordinárias, gênios
na matemática ou muito hábeis na memória visual, mas com comportamentos
tímidos, rígidos e estereotipados.
A criança autista também não é reconhecida com facilidade
pelos seus pais. Se o bebê não nos olha nos olhos aos 6 meses, não é nada
demais, ele vai fazer isso aos 8 ou 10 meses. Se aos dois anos não aponta para
as coisas, não interage e é tímido, não tem importância, porque no fim das
contas ele é bastante inquieto. Se o nosso filho com quatro anos não fala,
talvez seja porque tenha algum problema de audição.
Como imaginar que todos esses comportamentos descrevem na
verdade uma criança com TEA? Não é algo fácil de assumir. Em especial porque os
pais têm expectativas muito diferentes sobre o desenvolvimento dos seus filhos.
Ter que enfrentar as provas, a angústia e o estresse associado à ideia de como
serão as suas vidas a partir deste dia é algo terrivelmente delicado.
No entanto, é então que se inicia a batalha mais dura,
altruísta e bonita dos pais pelos seus filhos.
Ser o melhor terapeuta para o seu filho com autismo
É bem possível que você já conheça o caso de Iris Grace.
Esta menina britânica foi diagnosticada com autismo severo com pouco mais de 4
anos. Os médicos disseram aos seus pais que provavelmente a menina não falaria
nunca, nem mostraria nenhum tipo de conexão com o seu meio.
Eles erraram. O diagnóstico foi correto, mas não o
prognóstico. Porque sua mãe, Arabella, lutou desde então para conseguir que sua
filha se conectasse com o mundo de alguma forma. Algo que conseguiu de duas
formas muito concretas. Através da pintura e, em especial, graças à sua gata,
Thula. Um animal com um instinto natural e prodigioso para cuidar de crianças
como Iris.
Desde o dia que Thula chegou à vida da menina, Iris começou
a praticar diariamente algo que seus pais ainda não haviam visto nela: os sorrisos.
Como maximizar as habilidades do meu filho autista
Haverá dias complicados, tão escuros e amargos que vai
parecer que a criança não está progredindo, mas sim retrocedendo por completo.
Mas, por mais duro que pareça, a sombra da rendição não aparece jamais na mente
de uma mãe ou de um pai de um filho autista.
O apoio dos bons profissionais e das associações são pilares
essenciais no dia a dia, mas além disso, não podemos nos esquecer destas chaves
simples e mágicas ao mesmo tempo.
•Mantenha uma visão positiva do seu filho e acredite nele,
porque ele pode conseguir mais coisas do que você pensa.
•Aproveite os seus interesses para tirar partido de algo em
concreto. Às vezes objetos tão díspares como uma torradeira, uma caixa de
pregadores de roupa ou umas esponjas coloridas se transformam em estímulos
maravilhosos para construir novos aprendizados.
•Faça uso de estímulos visuais com cores atraentes. Qualquer
detalhe ou aspecto novo quebra seu tédio, seus comportamentos estereotipados.
•Utilize o método “sanduíche”, muito adequado para o autismo
(assente algo que ele domina; introduza algo novo; assente novamente o que ele
já controla).
•Aprenda a ignorar alguns comportamentos e a reforçar outros
através de elogios e reforços positivos.
Procure fazer com que todo instante passado com seu filho
autista seja de qualidade, relaxado e com estímulos adequados e atraentes para
ele ou ela. Porque acredite ou não, se você chega cansado/a ou com tensão, a
criança irá pressentir o estresse ou a ansiedade em você e isso irá se refletir
no comportamento dela.
Para concluir, é necessário entender que o autismo não é
ausência de comunicação ou de sentimentos. As crianças autistas sentem, pensam,
se esforçam diariamente e se comunicam, só é preciso saber entendê-las. Porque
quem “puxa a corda” dessa criança autista descobre uma pessoa autêntica,
original, tenaz e maravilhosa.
Assim como seus próprios pais e mães.
Por Resiliência Humana
Nenhum comentário:
Postar um comentário