Conectando-se
com a dor:
O
Xamã como Curador Ferido
“O
analista deve continuar aprendendo interminavelmente … é sua própria dor que
mensura seu poder para curar.” ~ Carl Jung
O xamã
é retratado na mídia como um feiticeiro; usando vodu e sangue de galinha para
curar dores e doenças. Mas o xamã é muito mais que isso. É um curador ferido;
tendo sofrido através de seus próprios tempos sombrios e lutado contra seus
próprios demônios interiores
O xamã
pode ser tanto homem quanto mulher, e até é além disso, mas aqui no texto
deixamos como “ele”, mas isso não é uma definição, apenas uma forma de
expressar o arquétipo do xamã.
Portanto,
o xamã é um vidente e um comunicador; ele tem a habilidade de se relacionar com
espíritos e guias de animais para ajudar nos esforços para libertar os outros
de suas dores. Mais ainda, ele é um curador da alma, não do corpo; um equívoco
comum.
Muitas
tribos nativas americanas acreditam que, se uma pessoa adoece; o início desse processo
deu-se na mente, espírito ou no corpo, como se um espírito maligno entrasse
nele (aqui podemos ir além e observar que tal espírito maligno pode ser um
pensamento ruim, ou até mesmo se referir a nível de entrada de bactérias quando
nossa imunidade está baixa). Eles acreditam que se a má sorte recai sobre toda
a tribo ou terra, são os espíritos que controlam isso. Eles dependem do xamã
para se comunicar com esses espíritos, para guiá-los e protegê-los.
Quais
são então as características do xamã? De onde vêm suas habilidades?
Carl
Jung cunhou o título “o arquétipo do curador ferido” do mito grego de Quíron.
Quíron era um centauro que foi ferido por uma flecha envenenada, mas pelo fato
de ser imortal, ele não podia morrer e assim passou seus dias em agonia. Foi
através dessa agonia que ele foi capaz de ensinar aos outros sobre sua própria
dor. Ele foi capaz de se identificar com outros seres e ajudar em suas curas.
Assim também é o caminho do xamã. Para verdadeiramente compreender o
sofrimento, é preciso também ter sofrido. Por meio de provações e tribulações,
temos a opção de crescer e aprender. O xamã faz sua escolha com sabedoria e
compartilha as lições com aqueles com quem trabalha para curar.
Uma das
maneiras pelas quais ele faz isso é através da integração do ego. Em seu caminho
para o conhecimento, o xamã deve confrontar seu ego para compreendê-lo e
acolhê-lo de maneira saudável, afim de manifestá-lo com sabedoria e
discernimento.Algumas expressões densas do ego é nos manter querendo mais
coisas materiais; é o ego que alimenta o ciúme, e é o ego que mata a nossa
auto-estima ao nos fazer comparar com os outros. Muitos equiparam o ego com a
identidade e ao abrir mão do nosso senso de identidade, somos capazes de ver um
quadro maior.
Deixar
de lado a crença de que somos entidades separadas e reconhecendo que todos nós
viemos de uma fonte única de energia, é necessário expandir nossa consciência.
Nessa unidade, estamos muito mais conscientes dos sentimentos e experiências
compartilhadas dos outros. Ao acolher e transmutar o ego, o xamã é capaz de
descansar seus próprios desejos egoístas e concentrar suas energias nos outros.
Ao fazê-lo, o xamã deve morrer para si mesmo e renascer várias vezes.
A
jornada xamânica geralmente começa com algum tipo de experiência com os
sentidos, geralmente fora do corpo. Isso é freqüentemente alcançado através de
sonhos lúcidos, meditação profunda e ervas de poder como o peiote e ayahuasca.
No entanto, muitas iniciações xamânicas começam com uma experiência de quase
morte. De fato, a correlação entre EQM e xamanismo é bastante alta.
A
doença prolongada (crônica) também pode induzir o estado de transe que é
necessário ao entrar nos reinos espirituais. Por estas razões, o xamã
geralmente passou muito tempo sofrendo fisicamente também. Sua conexão com a
doença e a dor o impulsiona em sua busca espiritual.
Muitos
curandeiros feridos sofreram traumas em suas vidas. Eles têm profundas
cicatrizes mentais e emocionais formadas durante sua vida. É através dessas experiências
que eles desenvolvem a intuição para a sobrevivência. Em algum momento, eles
passaram por uma “Noite Negra da Alma”. Isso se refere ao fundo do poço, um
estado crítico de desespero.
É aqui
que as crenças internas desmoronam e entram em conflito com o eu. Para se
recuperar, o curador ferido recupera as partes fragmentadas de sua mente,
chamando de volta as partes perdidas de si mesmo. Ao fazê-lo, eles são capazes
de transcender sua própria dor e sofrimento e perceber que existe uma escolha
na cura. Como então o curador ferido ajuda os outros? Depois de sua própria
Noite Negra e Morte do Ego, o xamã agora está ciente da unidade de dor que
conecta todas as criaturas vivas. Ele superou seu passado, viajou através de
sua escuridão e possui as habilidades e conhecimentos para transmitir à outras
almas feridas.
O xamã
trabalha em três reinos; o mundo superior; o mundo do meio e o mundo inferior.
Essas três realidades estão dentro da psique e podem ser percorridas conforme a
necessidade. Ele irá atravessar esses planos internos para criar mudanças e
obter conhecimento. O mundo superior é o domínio do divino, iluminado e detém a
sabedoria de todas as coisas. O xamã busca esse reino para trazer equilíbrio,
adquirir uma visão ou influenciar eventos no mundo material.O mundo do meio é
como se fosse um universo paralelo nosso. Aqui, o espírito de todas as coisas
vivas existe e pode interagir. Semelhante à viagem astral, o xamã usa esse
reino para localizar pessoas e se comunicar à grandes distâncias
O mundo
inferior é povoado por espíritos animais, guias espirituais e os mortos. É o
lugar para onde a alma humana viaja após a morte física. O trabalho é feito
aqui para buscar orientação ou localizar espíritos perdidos.Com coragem e força
interna, o curador ferido transforma sua dor em um poço de empatia. Sua
história pessoal passada pode ser recontada para inspirar e curar os outros de
uma maneira única. Sua própria jornada espiritual pode ser refeita para ajudar
outras almas feridas a encontrar paz e alegria. O caminho xamânico não é fácil,
mas os benefícios para a humanidade e a conexão com a cura universal fazem
valer a pena.
A beleza de como vivemos nessa terra repleta de mistérios, ensinamentos e tanto amor… em todos os seres e situações. Sagrada é vida em união, além do certo, errado, do bem, do mal, além das dores e sofrimentos há a luz do Coração Único. Ahooo, somos gratos!! ❤
Artigo
incrível escrito por Jules Ravenheart
para o Fractal Enlig. .
Traduzido
e editado por YanRam para O Grande Jardim.
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