Espaço interior
Publicado por Beth Michepud
“Quando a consciência não está mais totalmente absorvida pelo pensamento, parte dela permanece no seu estado original, não condicionado, sem forma. Esse é o espaço interior.
A vida da maioria das pessoas é um amontoado desordenado de coisas: itens materiais, tarefas a fazer questões sobre as quais pensar. Esse tipo de vida se assemelha à história da humanidade, definida por Churchill, como “uma maldita coisa depois da outra”.
A mente dessas pessoas é ocupada por um emaranhado de pensamentos, um após o outro. Essa é a dimensão da consciência dos objetos, que é a realidade predominante de um grande número de indivíduos – e é por isso que a vida deles é tão confusa. Essa consciência precisa ser equilibrada pela consciência do espaço para que a sanidade retorne ao nosso planeta e a humanidade cumpra seu destino. O surgimento da consciência do espaço é o próximo estágio da evolução da nossa espécie.
O sentido da consciência do espaço é que, além de estarmos conscientes das coisas – que sempre se resumem a preocupações, pensamentos e emoções – existe um estado subjacente de atenção. Isso quer dizer que temos consciência não apenas das coisas (objetos), como também do fato de que estamos conscientes. É o que ocorre quando somos capazes de sentir um silêncio interior sempre alerta de fundo enquanto os eventos acontecem no primeiro plano. Essa dimensão está presente em todos nós. No entanto, para a maioria das pessoas, ela passa totalmente despercebida. Às vezes eu a aponto da seguinte maneira: “Você é capaz de sentir sua própria presença?”
Quando não estamos totalmente identificados com as formas, a consciência – quem nós somos – se vê livre do seu aprisionamento na forma. Essa liberdade é o surgimento do espaço interior. Ele chega como um estado de silêncio e calma, uma paz muito sutil enraizada dentro de nós, mesmo diante de algo que parece mau. De repente existe espaço em torno do acontecimento. Há também espaço ao redor dos altos e baixos emocionais, até mesmo da dor.
E, acima de tudo, existe espaço entre nossos pensamentos. Desse espaço emana uma paz que não é “deste mundo”, porque este mundo é forma, enquanto a paz e espaço.
Essa é a paz de Deus.
Dessa maneira, podemos desfrutar e estimar as coisas e os eventos sem lhes atribuir uma importância que eles não têm. Estamos em condições de participar da dança da criação e de ser ativos sem nos apegar ao resultado e sem impor exigências pouco razoáveis em relação ao mundo, como “satisfaça-me”, “faça-me feliz”, “faça-me sentir mais seguro”, “diga-me quem sou “.
O mundo não pode nos dar nada disso, e quando deixamos de ter essas expectativas, todo o sofrimento que nós mesmos criamos chega ao fim.
Toda essa dor se deve à valorização exagerada da forma e à falta de consciência da dimensão do espaço interior.
Quando essa dimensão está presente na nossa vida, podemos aproveitar as coisas, as experiências e os prazeres sensoriais sem nos perdermos neles, sem nos apegarmos internamente a nada disso, isto é, sem nos tornarmos viciados no mundo.
Sempre que a dimensão do espaço se perde ou não é conhecida, as coisas assumem uma importância absoluta, uma seriedade e um peso que na verdade, elas não têm. Toda vez que o mundo não é visto da perspectiva do que não tem forma, da dimensão da consciência, ele se torna um lugar ameaçador e em última análise, de desespero.(…)
Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas do fluxo do pensamento. Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa – e é assim que ele é para a maioria das pessoas.
Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas; Alguns segundos bastam.
Aos poucos elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço da nossa parte.
Mais importante do que fazer com que sejam longas, é criá-las com frequência para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados com espaços de silencio e paz.” ( Eckhart Tolle em Em Comunhão com a Vida)
Luz e Paz!
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