MESTRA
ASCENSA KUAN YIN
Kuan Shih Yin Tzu Tsai, significa ‘a soberana que se
preocupa com os sons do mundo’. De acordo com a lenda, ela parou no umbral do
céu para ouvir os clamores do mundo. Kuan Yin já era adorada na China antes do
advento do Budismo, passando a ser adotada pelos budistas como uma encarnação
de Avalokitesvara (Padmapani), cuja intercessão tem sido invocada ao longo dos
séculos por devotos que entoam as seis sílabas místicas ‘OM MANI PADME HUM’. No
Ocidente acabou por se tornar conhecida como a Deusa da Misericórdia.
Segundo a tradição, Kuan Yin teria encarnado como a terceira
filha de Miao Chuang Wang, identificado como sendo da dinastia Chou, governante
de um reino do norte da China, por volta do ano 696 A.C.. De acordo com a
lenda, ela se determinara a seguir uma vida religiosa, tendo se recusado a
casar, apesar das ordens do seu pai, e das súplicas dos seus amigos.
Entretanto, foi-lhe finalmente permitido ingressar no Convento de Freiras do
Pássaro Branco, em Lungshu Hsien. Aí, por ordens do seu pai, foi submetida às
mais árduas tarefas, que de forma alguma enfraqueceram o seu zeloso amor por
Deus.
Enraivecido pela sua devoção, Miao Chuang Wang (seu pai),
ordenou que fosse executada, mas quando a espada a tocou partiu-se em mil
pedaços. Seu pai então ordenou que fosse asfixiada, mas quando a sua alma
deixou o seu corpo, e desceu até o inferno, transformou-o num paraíso.
Transportada numa flor-de-lótus até a Ilha de P’ootoo, próxima a Nimpo, aí
viveu durante nove anos, curando os enfermos, e salvando marinheiros do
naufrágio.
Kuan Yin fez o voto do bodhisattva, de trabalhar junto às
evoluções deste planeta e deste sistema solar para lhes mostrar o caminho dos
Ensinamentos dos Mestres Ascensos. Foi a antecessora de Saint Germain como
Chohan do Sétimo Raio, cujo cargo ocupou durante dois mil anos, e serve como a
representante do sétimo raio no Conselho do Carma. Kuan Yin é a hierarca do
Templo da Misericórdia, situado no plano etérico sobre a cidade de Pequim, na
China, desde onde focaliza a chama da misericórdia e do perdão para os filhos
da antiga terra de Chin, e as almas da humanidade.
A chama da misericórdia é o meio pelo qual o Cristo
intercede em prol daqueles que não conseguem suportar o impacto total do seu
próprio retorno de carma, requerendo, desta forma, um intermediário que se
interponha entre a sua criação humana e a Grande Lei.
Num ditado comunicado por intermédio de Elizabeth Clare
Prophet, no dia 10 de Abril de 1974, Kuan Yin descreveu a ação da chama da
misericórdia que ela personifica:
‘Supliquei por muitos de vós diante dos Senhores do Carma,
para que tivésseis uma oportunidade de reencarnar, de nascer perfeitos, sem o
grande carma de ser aleijado ou cego de nascimento, que alguns de vós
merecíeis. Intercedi com a chama da misericórdia a vosso favor, de forma que
pudésseis buscar, na liberdade de uma mente e de um corpo sadios, a Luz da lei…
A ação do perdão representa a colocação do carma de lado, a diminuiçâo do carma
por um período de tempo, para dar à pessoa a oportunidade de encontrar a Deus,
de encontrar ao Espírito Santo, de abraçar o Cristo como o Salvador’.
É assim que Kuan Yin ensina a humanidade não-ascensa a
invocar a lei do perdão, e explica que quando o indivíduo alcança uma certa
mestria na Senda, então a lei da misericórdia lhe faz retornar o ‘pecado’ que
fora colocado de lado, de forma que o indivíduo possa experimentar a alegria de
equilibrar cada jota e til da energia. mal-qualificada, cumprindo, portanto, a
lei do seu próprio ser.
A SALVADORA COMPASSIVA
Kuan Yin é a Salvadora Compassiva do Leste. Por todo o
Oriente altares dedicados a esta Mãe da Misericórdia podem ser achados em
templos, casas e grutas nos caminhos. Orações à Presença dela e à sua Chama
estão incessantemente nos lábios dos devotos à medida que buscam orientação e
socorro em todas as áreas da vida.
Muito presente na cultura oriental, Kuan Yin tem despertado
interesse em seu caminho e ensinamento entre um número crescente de devotos
ocidentais, que reconhecem a poderosa presença da “Deusa da Misericórdia”,
junto com a da Virgem Maria, como iluminadora e intercessora da Sétima Era de
Aquário.
A longa história de devoção a Kuan Yin mostra-nos o caráter
e o exemplo desta Portadora de Luz que não somente dedicou sua vida a seus
amigos mas sempre assumiu o papel de intercessora e redentora. Durante séculos,
Kuan Yin simbolizou o grande ideal do Budismo Mahayana em seu papel de
bodhisattva (chinês p’u-sa), literalmente, “um ser de bodhi, ou iluminação”,
destinado a se tomar um Buda, mas que renunciou ao êxtase do nirvana, como um
voto para salvar todas as crianças de Deus.
O nome Kuan Shih Yin, como é frequentemente chamada,
significa literalmente “aquela que considera, vigia e ouve as lamentações do
mundo”. Segundo a lenda, Kuan Yin estava para entrar no céu, porém parou no
limiar ao ouvir os gritos do mundo.
Existe ainda muito debate acadêmico relativo à origem da
devoção à bodhisattva feminina Kuan Yin. Ela é considerada a forma feminina de
Avalokitesvara, bodhisattva da misericórdia do Budismo indiano, cuja adoração
foi introduzida na China no terceiro século.
Estudiosos acreditam que o monge budista e tradutor
Kumarajiva foi o primeiro a se referir à forma feminina de Kuan Yin, em sua
tradução chinesa do Sutra do Lótus, em 406 A.C. Dos trinta e três aparecimentos
do bodhisattva mencionados em sua tradução, sete são femininos. (Devotos
chineses e budistas japoneses desde então associaram o número trinta e três a
Kuan Yin).
Embora Kuan Yin tenha sido retratada como um homem até o
século X, com a introdução do Budismo Tântrico na China no século oitavo,
durante a dinastia T’ang, a imagem da celestial bodhisattva como uma bela deusa
vestida de branco era predominante e o culto devocional a ela tornou-se
crescentemente popular. No século nono havia uma estátua de Kuan Yin em cada
monastério budista da China.
Apesar da controvérsia acerca das origens de Kuan Yin como
um ser feminino, a representação de um bodhisattva, ora como deus, ora como
deusa, não é inconsistente com a doutrina budista. As escrituras explicam que
um bodhisattva tem o poder de encarnar em qualquer forma – macho, fêmea, criança
e até animal – dependendo da espécie de ser que ele procura salvar. Como relata
o Sutra do Lótus, a bodhisattva Kuan Shih Yin, “pelo recurso de uma variedade
de formas, viaja pelo mundo, conclamando os seres à salvação”.
Pela lenda do século XII, do santo budista Miao Shan, a
princesa chinesa que viveu em aproximadamente 700 a.C. e que largamente se
acredita tenha sido Kuan Yin, reforça a imagem da bodhisattva feminina. Durante
o século XII monges budistas estabeleceram-se em P’u-t’o Shan – a ilha-montanha
sagrada no Arquipélago de Chusan, ao largo da costa de Chekiang onde se
acredita tenha Miao Shan vivido por nove anos, curando e salvando marinheiros
de naufrágios -, e a devoção a Kuan Yin espalhou-se ao longo do norte da China.
Essa ilha pitoresca tornou-se o centro principal de adoração
à Salvadora misericordiosa; multidões de peregrinos viajavam dos mais remotos
cantos da China e até mesmo da Manchúria, Mongólia e Tibet para assistir ali às
cerimônias religiosas. Houve época em que havia mais de cem templos na ilha e
mais de mil monges. As tradições narram inúmeras aparições e milagres de Kuan
Yin na ilha, sendo relatado que ela aparecia aos fiéis em uma certa gruta
local.
Na seita “Terra Pura” do Budismo, Kuan Yin faz parte de uma
tríade governante que é representada frequentemente em templos e é um tema
popular na arte budista. Nessas pinturas o Buda da Luz Ilimitada – Amitabha
(chinês A-mi-t’o Fo e japonês Amida) está no centro; à sua direita está o
Bodhisattva da força ou poder, Mahasthamaprapta, e à sua esquerda está Kuan
Yin, personificando a misericórdia infinita.
Na teologia budista, Kuau Yin é às vezes representada como
comandante do “barco da salvação”, guiando almas ao paraíso oriental de
Amitabha ou Terra Pura – a terra do êxtase onde almas podem renascer para
receber instruções continuas no sentido de alcançar a iluminação e a perfeição.
A jornada à Terra Pura é frequentemente representada em xilogravuras mostrando
barcos cheios de seguidores de Amitabha, sob o comando de Kuan Yin. Amitabha,
uma figura muito amada por budistas que desejam renascer em seu paraíso
oriental e libertar-se da “roda do renascimento”, é tido, num sentido
espiritual ou místico, como o pai de Kuan Yin.
Lendas da escola Mahayana
relatam que Avalokitesvara nasceu de um raio de luz branca emitido pelo olho
direito de Amitabha, quando mergulhado em êxtase. Assim, Avalokitesvara, ou
Kuan Yin, é considerada como o “reflexo” de Amitabha – uma encarnação posterior
de “maha karuna” (grande misericórdia), a qualidade que Amitabha personifica em
seu mais elevado sentido. Muitas figuras de Kuan Yin podem ser identificadas
pela presença de uma pequena imagem de Amitabha em sua coroa. Acredita-se que a
misericordiosa redentora Kuan Yin expressa a compaixão de Amitabha de uma forma
mais direta e pessoal, e que as preces a ela dirigidas são atendidas mais
rapidamente.
A iconografia de Kuan Yin a descreve de muitas formas, cada
uma revelando um aspecto único de sua misericordiosa presença. Como a sublime
Deusa da Misericórdia, cuja beleza, graça e compaixão vieram a representar o
ideal de feminilidade do Oriente, ela é retratada frequentemente como uma
mulher esbelta em um esvoaçante manto branco, carregando em sua mão esquerda um
lótus branco, símbolo de pureza. Está enfeitada com ornamentos simbolizando
suas realizações como bodhisattva, ou é mostrada sem ornamentos, como um sinal
de sua grande virtude.
A figura de Kuan Yin é retratada frequentemente como
“doadora de crianças” que são encontradas em casas e templos. Um grande véu
branco cobre sua forma inteira e ela pode estar sentada em um lótus.
Frequentemente ela é representada com uma criança em seus braços, próxima a
seus pés, ou sobre seus joelhos, ou, ainda, com várias crianças ao seu redor.
Neste papel, a ela se referem como “a honrada de branco vestida”. Às vezes
estão à sua direita e à sua esquerda dois auxiliares, Shan-ts’ai Tung-tsi, o
“homem jovem de capacidades excelentes”, e Lung-wang Nu, a “filha do
Dragão-rei.
Kuan Yin sobre o Dragão – Kuan Yin também é conhecida como a
bodhisattva protetora de P’u-t’o Shan, senhora do Mar do Sul e protetora dos
pescadores. Como tal, ela é mostrada cruzando o mar sentada ou em pé sobre um
lótus ou com seus pés na cabeça de um dragão.
Como Avalokitesvara, ela também é descrita com mil braços e
números variados de olhos, mãos e cabeças, às vezes com um olho na palma de
cada mão, e é chamada “bodhisattva de mil braços, de mil olhos”. Nessa forma
ela representa a mãe onipresente, olhando simultaneamente em todas as direções,
sentindo as aflições da humanidade e estendendo seus muitos braços para as
aliviar com expressões infinitas de sua misericórdia.
Os símbolos característicos associados a Kuan Yin são um
galho de salgueiro, com o qual ela esparge o néctar divino da vida; um vaso
precioso, simbolizando o néctar da compaixão e da sabedoria, traços do
bodhisattva; uma pomba representando a fecundidade; um livro ou um pergaminho
de orações que ela segura em sua mão, simbolizando o dharma (ensinamentos) do
Buda ou o sutra (texto budista) o qual Miao Shan, dizia-se, recitava
constantemente; e um rosário adornando seu pescoço, através do qual ela clamava
aos Budas por socorro.
Imagens de Avalokitesvara frequentemente mostram-na
segurando um rosário; descrições de seu nascimento afirmam ter ela nascido com
um rosário cristalino branco em sua mão direita e uma flor branca de lótus na
esquerda.
É ensinado que as contas do rosário representam todos os
seres vivos e o manuseio delas simboliza que Avalokitesvara os está conduzindo
para fora de seu estado de miséria e da roda de repetidos renascimentos para o
nirvana.
Hoje Kuan Yin é reverenciada por taoístas e também pelos
budistas Mahayana -especialmente em Taiwan, Japão e Coréia, e novamente em sua
pátria, a China, onde a prática do Budismo havia sido suprimida durante a
Revolução Cultural comunista (1966-69). Ela é a protetora das mulheres, dos
marinheiros, dos comerciantes, dos artesãos e daqueles que se encontram sob
perseguição criminal, e é invocada particularmente por aqueles que desejam
progênie. Amada como a figura da Mãe e mediadora divina que está muito próxima
dos negócios diários de seus devotos, o papel de Kuan Yin como madona budista
tem sido comparado ao de Maria, a mãe de Jesus, no Ocidente.
Há uma confiança implícita na graça salvadora e poderes
curadores de Kuan Yin. Muitos acreditam que até mesmo a mera invocação de seu
nome a traz imediatamente ao lugar do chamado. Um dos mais famosos textos
associados à bodhisattva, o antigo Sutra do Lótus, cujo vigésimo quinto
capitulo, dedicado a Kuan Yin, e conhecido como o “Sutra de Kuan Yin” descreve
treze casos de desastres iminentes – de naufrágios a incêndios, prisões,
ladrões, demônios, venenos fatais e aflições cármicas – nas quais o devoto é
salvo quando se entrega ao poder de Kuan Yin.
O texto é recitado muitas vezes,
diariamente, por aqueles que desejam receber os benefícios prometidos. Os
devotos invocam o poder e a misericordiosa intercessão da Bodhisattva com o
mantra OM MAM PADME HUM – “salve a jóia no lótus”, ou, como também tem sido
traduzido, “salve Avalokitesvara, que é a jóia no coração do lótus no coração
dos devotos”. Através do Tibete e Ladakh, budistas têm inscrito OM MANI PADME
HUM em pedras lisas de oração, chamadas “pedras mani”, como ofertas votivas a
Avalokitesvara. Milhares dessas pedras têm sido usadas para construir
muretas-mani que ladeiam as estradas que dão ingresso a aldeias e monastérios.
Acredita-se que Kuan Yin frequentemente aparece no céu ou
nas ondas para salvar aqueles que a invocam quando em perigo. Histórias
pessoais podem ser ouvidas em Taiwan, por exemplo, de pessoas que a viram
durante a Segunda Guerra Mundial aparecendo no céu como uma jovem, agarrando as
bombas e cobrindo-as com as suas vestes brancas para que não explodissem.
Assim, altares dedicados à Deusa da Misericórdia são
encontrados em todos os lugares – lojas, restaurantes, até mesmo em para-lamas
ou painéis de carros. Nas casas ela é venerada com o tradicional “pai pai”, um
ritual de oração que usa incenso, e também com o uso de quadros de oração –
folhas de papel com fotos de Kuan Yin, flores de lótus ou pagodes e guarnecidas
com centenas de pequenos círculos. Com cada série de orações recitadas ou
sutras lidos, em uma novena para um parente, amigo, ou em causa própria, outro
círculo é completado. O quadro tem sido descrito como um “Navio de Salvação”
por meio do qual almas que partiram são salvas dos perigos do inferno e aquelas
sinceras são transportadas com segurança ao céu de Amitabha. Juntamente com os
cultos elaborados com litanias e orações, a devoção a Kuan Yin está expressa na
literatura popular em poemas e hinos de louvor.
Os seguidores devotos de Kuan Yin podem frequentar templos
locais e podem fazer peregrinações a templos maiores em ocasiões importantes ou
quando sofrem com um problema especial. Os três festivais anuais realizados em
sua honra acontecem no dia dezenove do segundo mês (celebrado como o seu
aniversário), do sexto mês, e do nono mês do calendário lunar chinês.
Na tradição da Grande Fraternidade Branca Kuan Yin é
conhecida como a Mestra Ascensa que carrega a função e o título de “Deusa da
Misericórdia” porque ela personifica as qualidades divinas da lei da
misericórdia, compaixão e perdão. Ela passou por numerosas encarnações antes de
sua ascensão há milhares de anos e aceitou o voto de bodhisattva para ensinar
aos filhos de Deus não ascensos como equilibrar seus carmas e cumprir seus
planos divinos com serviço amoroso à vida e a aplicação da chama violeta pela
ciência da Palavra falada.
Kwan Yin é originária do planeta Vênus e chegou à Terra
juntamente com a comitiva de Sanat Kumara há 16 milhões de anos, quando este
tomava posse como Senhor do Mundo, na regência da Terra. Como Mestra de Saint
Germain, ela o acompanhou e inspirou em suas inúmeras missões na Terra, com a
intenção de ajudar a humanidade em sua elevação.
Kuan Yin precedeu o Mestre Ascenso Saint Germam como Chohan
(Senhor) do Sétimo Raio de Liberdade, Transmutação, Misericórdia e Justiça e
ela é uma de sete Mestres Ascensos que atuam no Conselho do Carma, um conselho
de justiça que medeia o karma das evoluções de terra – dispensando oportunidade,
misericórdia e os verdadeiros e íntegros julgamentos de Deus a cada corrente de
vida na Terra. Ela é a hierarca do Templo etérico da Misericórdia situado sobre
Pequim, na China onde ela mantém o foco de luz da Mãe Divina em favor dos
filhos da antiga terra da China, as almas de humanidade, e os filhos e filhas
de Deus.
(*) Leon Hurvitz, trans., “Scripture
of the Lotus Blossom of the Fine Dharma (The Lotus Sutra) New York: Columbia
University Press, 1976).
Sugere-se
o livro: “A DEUSA DA COMPAIXÃO E DO AMOR” – O culto místico de Kwan Yin” de
John Blofeld – Ed. Ibrasa
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