quarta-feira, 11 de abril de 2018

Derreta-se! (Sobre ser vulnerável)





Derreta-se! (Sobre ser vulnerável)

Se um dia você perguntar a alguém se ser vulnerável é uma boa qualidade para se cultivar, certamente ouvirá um enfático ‘não’ como resposta. É na vulnerabilidade que retiramos nossas armaduras, expomos nossas feridas e… E aí? O que o outro poderá fazer com isso?

Crescemos com esse medo inconsciente como conselheiro: “é melhor não se abrir tanto, pode machucar!”, “Acho melhor não viver essa relação e me manter seguro(a) aqui.”, “não seja tão honesta, é preciso jogar um pouco para que o outro não te manipule” , e por aí vai.

O ponto é que temos a ilusão de que estaremos protegidos quando nos defendemos dessas maneiras acima e de tantas outras. O ego morre de medo de perder o controle e, ao se deparar com uma relação que nos convida ao derretimento ele literalmente entra em crise e busca todo e qualquer argumento para te convencer a subir a guarda e se tornar menos vulnerável aos sentimentos que estão se apresentando à você.

A verdade é que nada disso é real: nem a proteção fornecida por um coração invulnerável nem o controle que o ego está tentando exercer.

O máximo que acontecerá se você subir a guarda, é você perder a especial oportunidade de viver uma relação (seja ela em qual nível de afetividade for) onde haja verdade, troca, aceitação de quem se é, de quem o outro é e empatia. 

Se você meditar nesse tema por um instante, talvez compreenda as muitas vezes que você deixou de viver algo por medo, que você insistiu em uma briga para não sair ‘por baixo’ e diminuído, que você calculou friamente suas atitudes e palavras para obter exatamente o que seu ego esperava da outra pessoa para se sentir seguro.

Informo à vocês: essa proteção é falsa! Você não está seguro por se sentir protegido pelas artimanhas do seu ego. Nada disso te livrará 100% de uma mudança brusca de planos e das incontáveis surpresas que o destino pode te oferecer. Essa proteção apenas te engessa, sufoca sua alma, te afasta da sua essência e aí, se estamos falsamente seguros por dentro, as relações e motivos de felicidade externos também tendem a ser falsos em nossas vidas.

Se tudo pode acontecer e se essa proteção/segurança não existe, o que pode ser feito, então, para minimizar a possível dor presente em uma das hipóteses que seu ego está te contando?

Pare de alimentar essa história, simplesmente. Primeiro porque ela não é real e, se você parar pra pensar, das milhares de histórias e probabilidades que nossa mente cria sem consciência, poucas delas se tornam reais. E segundo porque quando estamos entregues e ‘vulneráveis’ à vida, não há espaço para o sofrimento!

Você precisa acreditar nisso! É simples compreender pois só podemos nos entregar à uma relação quando estamos conectados com o melhor que podemos ser, com o amor próprio que acolhe os erros e valoriza as próprias conquistas, suas e da outra pessoa. O sofrimento não chega em uma relação onde há verdade e uma conversa de duas almas inteiras e dispostas a construírem um mesmo objetivo, um mesmo porto, uma mesma união. 

Almas verdadeiras assumem quem são de fato e o Universo responde trazendo situações e relações, também verdadeiras. Almas verdadeiras possuem a sorte de carregarem consigo os óculos do otimismo, da compreensão, da escuta, da sabedoria e da amorosidade… Não tem dor nesse cenário, entendem?

Minha sugestão: derreta-se! E enquanto sua mente assimila essa nova possibilidade diga para ela que ‘Se doer, doeu – você lida com isso quando a dor for uma realidade e não uma projeção e que você não vai deixar de ser quem você é ou de viver uma troca abençoada por medo de ser vulnerável e sofrer.’

Uma hora esse diálogo cessa e você vai enfim ter compreendido que a vida só pode ser linda se nos permitirmos ser quem somos de fato – quando estamos sozinhos, ou com alguém, não importa. A vida é linda para aqueles que se escutam e acessam a sabedoria da essência que direciona os caminhos a serem seguidos, as estradas a serem evitadas e os relacionamentos que valem entrega, ou não.

Se escuta, se ame, se entregue!

Amor, luz e consciência. Sempre.

Cíntia Rizzo

Nenhum comentário:

Postar um comentário