Como ser a nossa própria verdade?
Trazemos dentro de nós, já desde a infância, a cobrança por
nos ajustarmos a padrões pré-estabelecidos da sociedade.
Esses padrões são aqueles que recebemos de forma intensa dos
nossos pais, nas escolas onde estudamos. E que, a grosso exemplo, podemos
refletir no fato de usarmos roupas, cortarmos ou não os cabelos, fazermos ou
não a barba, vestirmos roupa de menino ou de menina, etc.
Esses são exemplos
pequenos, mas que podem ser expandidos de forma macro. Pois o mesmo
condicionamento mental que nos mantém na prisão que criamos a nós mesmos, de
seguir esses padrões, que são tão aceitos por nós que já deixamos de tentar
mudá-los, e tomamos gosto por os seguir, há também aqueles outros padrões que
por vezes não percebemos, mas que também estão gravados em nós, que nos repetem
o tempo todo que podemos ou não podemos ser algo que realmente almejamos.
Passamos por muito tempo das nossas vidas, observando os
exemplos que foram trazidos pelos nossos pais e pela sociedade. Estamos
inseridos aqui, nessa experiência, que nos afirma a todo o tempo que é
necessário receber um dinheiro e ter certo reconhecimento para que seja de fato
feliz. É reafirmado a nós que o padrão de corpo físico aceito pela sociedade é
aquele do ator da novela. Ou mesmo também ter aquele carro ou aquela casa, ter
aquela imagem da família feliz, do comercial de margarina.
Pois bem, de onde nasce a necessidade da mulher de
constituir família? Há o impulso natural que faz parte da natureza sexual do
aspecto feminino de dar à luz um filho, de criar a vida. Mas há aquelas
mulheres que passam anos de suas vidas perseguindo esse sonho e não o alcançam.
Justamente porque não há uma regra. Mas a mulher foi ensinada de que há a regra
que a obriga seguir certo padrão.
Assim também há a afirmação da sociedade que cobra do homem
a postura do provedor do lar, daquele que traz o sustento à família. Daquele
que sai para trabalhar e retorna com o sustento.
Todos esses padrões vêm de eras e eras de registros na
matriz de condicionamento, na malha planetária, e é reafirmado pela sociedade
em todas as gerações. E por isso, muitas pessoas que chegam a essa experiência
para serem os transformadores, na forma de pensar padronizada e pré-programada,
são vistos como os causadores da discórdia.
Esses são de fato os transformadores, mas sofrem as
acusações daqueles que colocam sobre eles, e sobre toda a sociedade, a expectativa
de que cumpram os papeis e imagens preestabelecidos.
Quem disse que é necessário morar em uma casa para ser
feliz? A felicidade não pode ser alcançada por aquele que vive morando nas
ruas? Porque ele não é digno de felicidade? Porque a humanidade em geral vê
aquele que mora na rua com olhar de piedade e compaixão?
Há uma grande ponte que separa o ego da compaixão. Mas nesse
ponto, se você observar mais a fundo a vida daquele que tem a casa e o carro, e
olha o morador de rua. Esse mesmo ser que segue os padrões aceitos pela
sociedade, não é feliz com a sua casa e a sua família, não é feliz com o seu
emprego, e não é feliz com o seu carro.
Todos os bens materiais são temporários e ilusórios, criam a
sensação mental de saciedade, mas que é provisória, pois logo surgirá o
sentimento de fome emocional. Digo fome emocional, pois nada o completa, nada o
nutre. Pode ser abençoado com uma vida abundante material, mas que não preenche
o seu coração. Pois a verdadeira busca está no vazio. Há a necessidade do esvaziamento
completo das necessidades, para então ser guiado para a sua verdade, que o
levará a preencher novamente, mas apenas com aquilo que de fato o completará.
Mas não há erro nisso. Todos iniciamos a nossa jornada
recebendo as mesmas programações, as mesmas afirmações. E haverá o momento do
desajuste, onde seremos colocados diante do sentimento de desconforto e
insatisfação com algo que não se completa em nossas vidas, e é nesse ponto que
vemos desmoronar todo um império construído de ilusão dentro de nós mesmos.
É necessário renunciar ao posto de certas personalidades que
criamos. Renunciar ao status de reconhecimento externo, para então virar o jogo
da nossa própria vida, e buscar pela nossa verdadeira felicidade, que
geralmente não atenderá a expectativa daqueles que conviveram conosco até o
momento do chamado.
Quando recebemos o chamado, podemos optar em jogar tudo para
o alto, e iniciar a busca pelo nosso verdadeiro propósito, ou podemos nos
deixar ser levados pela maré, pela necessidade de agradar aos outros, pelo
sentimento de estar sendo aceito pela sociedade, seguindo os padrões
estabelecidos por eles.
Esse é o exemplo daquele que nasce com o sentimento de amar
alguém do mesmo sexo. Mas que esconde esse sentimento por quase toda uma vida,
para então tomar coragem de ser quem verdadeiramente é. Esse é o exemplo de
alguém de coragem, que veio a transformar, a quebrar padrões pré-estabelecidos
da sociedade, e buscar a sua verdadeira felicidade, mesmo que para isso deixe
de agradar à sociedade. Pois a sociedade no geral é direcionada e movida pelo
medo, o medo da quebra daqueles padrões que sempre acreditaram ser verdadeiros
e firmes. Mas essa sociedade está a ruir.
Os impérios construídos sobre a base do medo, serão
demolidos, para que o novo comece a resplandecer, desde aquela pequena raiz,
até se tornar uma árvore robusta e forte, a qual nenhuma tempestade derrubará,
pois terá nascido com a sustentação da verdade de cada um.
Podemos ver a estrutura da árvore como um resumo de como
funciona a vida e a base da felicidade.
No tronco, que é a parte mais robusta da árvore, há um galho
só, o tronco, e somente ele. Ele é forte, robusto, largo, ele representa a
unidade. Da unidade, todos viemos. E ali encontramos a nossa força, a verdade
que existe dentro de nós. Nunca encontraremos a nossa verdade interior enquanto
nos olharmos como seres individuais, pois todos somos Um. A busca pela
necessidade individual é a desconexão com a unidade, é o ego, o instinto de
sobrevivência direcionando a nossa vida.
Então, desse tronco saem os galhos, milhares, e que vão
representar cada um de nós.
Quão forte é um galho que está separado de uma árvore? Ele
seca e morre.
Mas quão forte é um galho que está alinhado e crescendo da
ligação com o tronco, com a unidade? Esse galho que está unido ao tronco,
sempre crescerá, criará frutos e flores, resplandecerá criando mais galhos. E
essa vida não tem fim.
Portanto, enquanto nos vermos como seres individuais,
desconectados da unidade que é a integração de toda a vida, da visão de tudo e todos
como seres unos, parte da criação, estaremos indo de encontro com a nossa
própria verdade.
Essa integração com o todo, é trazida pelos mais antigos
mestres da humanidade, que mostravam a unificação do planeta em Um, mas que foi
esquecida nos escritos do passado. Pois o ego separa, e o que comanda hoje a
grande malha energética é o medo e o ego, que não tem interesse em levar
adiante as ideias de unificação.
Todos os grandes pensadores trouxeram a unidade, e nunca
falaram em separação. Mas a humanidade se dividiu em castas, dogmas e
religiões. E por isso, deixam de encontrar a sua verdade interior. Enquanto
separados, serão apenas os galhos secos a ruir, para que então possam renascer
das próprias cinzas a partir de um novo tronco, e daí sim, resplandecer a sua
verdade e força interior.
Michele Martini
Fonte: www.pazetransformacao.com.br
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