Não
somos tão importantes quanto imaginamos
Virgilio
Magalde
Não
confunda importância com valor. Nós temos valor, entretanto, comparados com
tudo o que existe, nós não temos tanta importância.
Nós, em
geral, achamo-nos importantes. Ao longo da vida, criamos bons relacionamentos,
estudamos bastante, tentamos ser funcionários exemplares, auxiliamos algumas
pessoas, fazemos algum trabalho voluntário, namoramos, casamos, criamos nossos
filhos. A vida parece ser bem ativa.
Ao
fazer isso tudo, é normal nos acharmos importantes, pensar que o que fazemos é
primordial, que a vida de algumas pessoas depende de nós, que sem nós muitas
coisas não aconteceriam, que aquele trabalho só é bem feito porque o fazemos, e
por aí vai.
Só que
o tempo vai passando e você se dá conta de que aquele trabalho que só você
fazia pode ser também realizado por outro. Nas suas férias, você é substituído.
Talvez a empresa não precise mais de você por alguma razão. Aí você percebe
que não é assim tão importante.
Aquelas
pessoas que dependiam de você de certa forma estão se virando, ganhando
maturidade e crescendo. Seus pais, seus irmãos, seus filhos e seus parentes têm
a vida deles e tudo acontece sem que você tenha que fazer muita coisa ou dar
algum suporte. Aí você percebe que não é assim tão importante.
Muitas vezes, buscamos status, dinheiro e poder, visando satisfazer nossa necessidade de sermos importantes. Caímos nas histórias de que várias pessoas dependem de nós, que somos “chefes” e que fazemos algo realmente importante para todos. Nós pensamos que somos imprescindíveis.
Aquela
pessoa que dizia que o amava tanto e que, muitas vezes, exigia amor, proteção,
segurança, carinho, conversa, passeios e encontros, já nem liga mais. Não
deseja mais bom dia, não pergunta se você está bem e não se
preocupa com você como antes. Aí você
percebe que não é assim tão importante.
Tem
aquela pessoa que lhe despertou interesse, que você tinha pensado em conhecer
melhor, que você talvez tenha sentido alguma conexão e que tenha resolvido se
importar com ela. Você decidiu dar o seu melhor na tentativa de também ser
importante; só que então se dá conta de que nada daquilo aconteceu. Aí você
percebe que não é assim tão importante.
Você,
às vezes, não é autêntico e não faz o que quer, com medo do que os outros vão
pensar sobre isso. Você quer ser um exemplo, não quer magoar ninguém e nem que
os outros pensem algo errado de você. Só que o outro está ocupado, vivendo,
realizando suas tarefas e pensando em si – sem ligar muito para você. Aí você
percebe que não é assim tão importante.
Você
cuida do seu corpo, compra as melhores roupas, quer estar sempre bonito(a),
procura conforto e faz inúmeros planos. Daí se dá conta de que o seu corpo pode
falhar a qualquer momento, que a qualquer hora ele poderá deixá-lo e se dá
conta de que ele tem um período de validade. Aí você percebe que não é assim
tão importante.
Você
para e olha para o universo à sua volta. Vê a imensidão do mar, perde-se no
infinito do céu, aquece-se com o sol, para tudo para olhar a lua e aquela
estrela - que você não
fazia ideia de que estava por ali. Você repara na grandiosidade da criação. Aí você
percebe que não é assim tão importante.
A água
e tudo o que vem dela nos dá vida, o sol
e tudo o que vem dele nos dá vida, a terra e tudo o que vem dela nos dá vida e
o ar e tudo o que está nele nos dá vida. Como nós poderíamos ser mais
importantes que qualquer criação? Perceba o tempo de vida de um planeta, de uma
estrela, ou mesmo de uma árvore, e constate que eles duram muito mais do que
nós (até uma tartaruga dura mais que você). Nós “apenas” existimos, não somos
autossuficientes. Nós dependemos de tudo que está à nossa volta. Aí você
percebe que não é assim tão importante.
Não
confunda importância com valor. Nós temos valor, entretanto, comparados com
tudo o que existe, nós não temos tanta importância. Ao apagar das luzes, vamos
ganhar um espaço de terra e recordações nas fotos e memórias de algumas pessoas
(que um dia também irão partir).
A nossa
importância tem a ver com as nossas expectativas em relação à demonstração de
amor das outras pessoas. É necessário lembrarmos que as pessoas nos amam, mas,
muitas vezes, não sabem demonstrar bem isso e que, de fato, existe uma ligação
de amor entre todos nós, independentemente de qualquer coisa. Isso é universal.
Isso é eterno. Isso é divino.
Quando
você sente que pertence, não tem necessidade de ser importante.
Então,
por hoje, podemos perceber que não somos tão importantes assim.
“Toda a
evolução do homem é de ser alguém para ser ninguém e de ser ninguém para ser
todos“
— Sri Sri Ravi
Shankar
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