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domingo, 4 de junho de 2017

A luz da consciência por Diogo Beltrame

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A luz da consciência por Diogo Beltrame

"Existe uma fórmula para curar a mente que ainda não foi compreendida nem pelo ocidente e nem pelo oriente. Aqui, no ocidente, as técnicas terapêuticas pregam a analise de todo o passado. A pessoa é estimulada a passar toda a sua vida numa peneira. Ela precisa analisar todo o seu passado, de cabo a rabo, até eliminar toda memória causadora do sofrimento, e esse não é o caminho. 

Analisar e compreender as causas tem lá a sua valia, mas não basta, até porque o passado é um buraco sem fundo e a pessoa precisaria de muitas vidas para resolver todos os problemas de uma única só vida; e enquanto fizesse isto outros novos problemas surgiriam e precisariam ser resolvidos em outras vidas adiantes. Isso é impossível de ser feito. Fazer isso é o mesmo que tentar secar uma geleira.

Não dá para mudar o passado. O passado não é mais algo em potencial e nem relativo, ele é um fato. O que aconteceu não pode ser mudado e, na melhor das hipóteses, só poderá ser entendido, mudando a sua percepção sobre ele e fazendo com que você consiga substituir a palavra sofrimento por aprendizado, não sendo isto ainda suficiente, pois em seu subconsciente ainda ficaria a mensagem de que aprendizados são difíceis, logo, sofríveis. E se algo é sofrível você tende a não querer fazer, ocasionando o bloqueio de qualquer outra oportunidade de aprender, seja lá o que for. Analisar significa entrar no problema, e para entrar nele você está dando energia para essa tal coisa, ou seja, alimentando aquilo que você não quer mais que viva. 

Portanto, você mesmo estará dando comida para o lobo mal do qual sente tanto medo. Entenda bem, compreender as causas dos seus problemas é importante. É impossível transcender algo que você não sabe o que é. Mas, tentar mudar o passado, ou fazer de conta que ele não foi tão ruim quanto você pensa é ilusão, é mentira. E na mentira nada se resolve.

É bem provável que a sua raiva atual esteja relacionada com algo que aconteceu em seu passado. A raiva tem que nascer em algum momento, e isso representa algo que já passou. Mas e daí? O que importa onde ela nasceu? E se essa raiva veio de outra vida? E se essa raiva veio de uma vida bem distante? Quantas regressões terão que ser feitas para se chegar até a causa principal dela?

Percebe o tamanho do buraco que você estará entrando?
Mais importante do que saber o "onde" algo surgiu, é aprender "como" lidar com ele. Isto é, estar consciente do que acontece com você e praticar o testemunho disto. Quando você é uma testemunha das energias que estão dentro de você, automaticamente estará consciente de cada uma delas, e não existe espaço para a consciência e para a raiva ocuparem simultaneamente. Só existe espaço para uma delas. Se você está consciente a raiva não pode estar presente. Se a raiva está presente você não está consciente. Onde tem consciência só existe consciencia. Consciência é luz, e na luz não existe escuridão. Nenhuma escuridão pode existir onde a luz está presente. A luz ilumina tudo, e o que está claro não pode ser ameaçador.

Torne-se consciente da sua raiva e ela irá embora. Torne-se consciente do seu medo e ele irá embora. Onde a consciência está presente nada pode existir que não seja ela mesma. Você só tropeça no escuro. No claro você não tropeça. A raiva, o ciúme, a insegurança e a avareza são peças jogadas num quarto. Se o quarto está no escuro você tropeça nelas, mas, se a luz está acesa, não.

Portanto, o caminho para a cura mental é a compreensão do que aconteceu e dos impactos disto em sua vida, mas, principalmente, da observação sem julgamento de tudo o que você sente. Ou seja, sendo uma testemunha de si mesmo, sendo aquele que está no alto de uma montanha observando tudo o que acontece nela, mas sem interferir na natureza que as acompanha.

E como estar consciente a partir da observação?

O passado é um peso morto. Ele é um fardo que você carrega junto de si, para cima e para baixo, como se fosse uma sombra.
É necessário que se encerre os ciclos vividos. Se você terminou um relacionamento, não traga mais ele para o seu momento presente. Se você brigou com alguém, ou se foi injustiçado, não traga essa briga ou a sensação de ser uma vítima para o seu agora. Toda vez que você se lembra da agressão que possa ter sofrido no passado, ao acessar essa memória, é você mesmo que está se agredindo, e não mais aquele que o agrediu. Não importa o que tenha acontecido ontem, ano passado, ou há dez anos atrás. Isso não é mais real e deve ficar lá trás, e não aqui. Não importa se o passado é bom ou ruim. Você teve ótimas e péssimas experiências, mas nenhuma delas existem mais, elas são mortas e devem ser liberadas. Você deve se desapegar de toda essa bagagem velha, pesada e inútil.

Trazer o passado para a sua vida é assassinar o momento presente, pois o passado é morto e nada que esteja morto pode tocar a vida. A vida existe, ela está acontecendo agora, mas ao trazer as suas memórias passadas para ela, você a transformou nesse mesmo passado. Você a matou. Você tirou a vida dela e perdeu mais uma oportunidade de experimentar essa vida.

Você fez muitas viagens deste que chegou aqui, neste planeta, nessa vida. A sua roupa está cheia de pó. Ela está suja, muito suja. Não é mais possível distinguir a roupa da sujeira, aparentemente elas são uma coisa só. A roupa é a mente. A poeira são as memórias. E não adianta mais tentar lavar essa roupa. 

Quando alguma coisa está encardida não adianta lavá-la, não adianta colocar uma série de produtos químicos para limpá-la, pois pode até ser que as manchas saiam, mas outras serão deixadas por causa dos produtos que foram usados para limpá-la e, por isso, continuarão sujas. Portanto não as lave, arranque essas roupas e jogue-as fora, simplesmente. Saiba que por trás dessas roupas existe algo. 

Talvez você tenha esquecido porque está muito acostumado a usar roupas. Você está identificado com essas roupas sujas e acha que elas são parte do seu ser, mas não são. Por trás das roupas existe você, e, mesmo que você se confunda com elas, elas nunca poderão ser você. O que você é não pode ser mudado por nada que o encubra.

Saiba que, para se abrir ao novo, é necessário que antes você abandone o velho. É necessário soltar as memórias, todas elas. Você vive julgando e rotulando tudo o que vê porque traz as memórias do passado, isto é, aquilo que você viveu e classificou naquela ocasião para o seu momento presente. Ou seja, traz as suas percepções para tudo aquilo que se apresenta em sua vida e, por isso, acaba deixando de ver o real para que, a partir da limitação criada pela sua crença, projete todas as suas memórias naquilo que presencia ou vive no momento atual, reproduzindo todas as mesmas situações desgastantes do passado e, muitas vezes, sem se dar conta disto. 

Se você teve um relacionamento difícil, tende a projetar esse mesmo relacionamento frustrante do passado em seu presente. Se você teve um chefe ordinário, tende a reproduzir essa mesma realidade em seu novo emprego. Não adianta mudar o cenário nem os personagens, você sempre vai atrair para a sua vida o que acredita ser real. A vida não acontece de acordo com o que você quer, ela acontece de acordo com aquilo que você é. A sua vida é o que você acredita ser. 

Você atrai para a sua realidade tudo que ressoa com seu campo vibratório. Portanto, não adianta querer fugir das experiências passadas negando-as e chamando-as de ruins, pois, enquanto a memórias estiverem ativas e com uma crença equivocada sobre determinado assunto, tudo se repetira, até que você resolva curar e liberar.

A mente só identifica o que ela conhece, e o que ela conhece é aquilo que você viveu, seja essa experiência positiva ou negativa, portanto, a sua mente sempre irá buscar novas experiências que sejam similares as do passado. Esse é o papel da mente, e isso só muda quando você libera tais memórias entendendo que elas são apenas "memórias" e que, portanto, devem ser neutras.
O ser humano se tornou uma máquina de reproduzir o passado para o presente. Você se tornou incapaz de enxergar a realidade que simplesmente é. E, enquanto isso acontecer, a vida e o encanto virgem que caminha com ela não se mostrará a você.

Viver o momento presente é mais do que se fixar no agora e tentar não pensar. Ele é, antes de qualquer outra coisa, a alteração da sua percepção sobre o tempo.
Viver o agora é permitir que novas experiências entrem em sua vida sem distorcê-las de acordo com a sua percepção; é estar aberto para conhecer o novo, assim como uma criança o faz, tendo a oportunidade de voltar a se encantar com a simples, porém, bela e graciosa vida que se apresenta a cada instante diante de você."

Diogo Beltrame

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