Ciclos por Alexandra Solnado
"A nossa vida é feita por ciclos. A Natureza tem os
seus ciclos, o ser humano tem os seus ciclos, todos os animais, todas as
plantas têm ciclos. Qual é a grande diferença entre os ciclos da Natureza e os
ciclos do ser humano?
A diferença é que nós, quando somos chamados a mudar de
ciclo, achamos mesmo que podemos recusar. O ser humano acha mesmo que pode
dizer "Não" quando a vida pede mudança.
- "Mas isso agora não dá jeito nenhum. Espera mais um
bocadinho. Preciso de pensar. Sim, mas..."
- "Sim, mas..." - ela está a dizer:
- "Não".
- "Sim, mas..." - é:
- "Não".
O Pólo Norte e a Antártida são sítios de natureza bruta, lá
não há toque de homem e é um local muito importante para conseguirmos perceber
os ciclos de uma forma natural. O gelo e o degelo acontecem de 6 em 6 meses. E
a cada mudança, os animais iniciam jornadas incríveis de dezenas de milhares de
quilómetros. No Ártico são 18 milhões de pássaros, ursos, baleias, etc. Aquilo
tudo se transforma de 6 em 6 meses. Há uma andorinha, andorinha-do-mar-ártica,
que pesa 100 g e que migra anualmente da Gronelândia até à Antártida. A
distância é de mais de 70 mil quilómetros! Se eu dissesse a qualquer ser humano
que ele tinha que apanhar o avião, e andar 70 mil quilómetros por ano...
- "Ah, mas não posso, eu não tenho dinheiro, e não
posso deixar a casa... ainda agora comprei um plasma!"
Os pássaros não discutem se vão em low cost, nem argumentam:
- "Olha desta vez eu não vou, vou ficar cá porque não
dá jeito nenhum, arranjei um emprego..."
Eles fazem o que têm que fazer. Porque sim. E é aqui que
está a questão. Eles não discutem, não argumentam, nada. Eles fazem, eles só
fazem. Eles sabem que "as coisas são o que são" e que temos que fazer
o que temos que fazer. Os pássaros sabem que se não voarem 70 mil quilómetros
para iniciar um outro ciclo, a vida deles vai ficar muito difícil. Durante 6
meses no Ártico não há comida, não há condições. E eles sabem disso, por isso
vão. O ser humano sabe que tem que mudar porque senão a vida vai tornar-se muito
difícil. Mas mesmo assim, não vai. Fica.
Se olhássemos para a nossa vida como olhamos para a
Natureza... lá, todos fazem o que têm de fazer... e ninguém reclama. A
Natureza, os animais sabem que "as coisas são o que são", e agem em
correspondência. Se nós conseguíssemos olhar para a nossa vida e perceber que
"as coisas são o que são", com certeza que evitávamos 80% dos
problemas que temos.
Não lhe estou a pedir que olhe para a sua vida agora, como
ela está agora, e deixe estar porque "as coisas são o que são". Não é
disso que eu estou a falar. Não estou a falar das coisas que você pode mudar.
Essas, você vai lá e muda. Estou a falar das que não pode mudar, e que não
aceita que não pode. Estou a falar das que realmente "são o que são".
Como os ciclos da vida.
A vida de muita gente está um caos precisamente porque as
pessoas não aceitam que "as coisas são o que são". E uma das coisas
mais incríveis é quando vemos pessoas a bloquear a sua vida toda à espera que
alguém mude.
- Eu vou escolher fazer assim, porque ela ainda vai mudar!
- Ele ainda vai perceber que eu tenho razão!
Se aquela pessoa está assim, e ainda não mudou, que direito
tenho eu de ir lá e escolher por ela? Se aquela pessoa não vai mudar, eu tenho
duas hipóteses. Ou fico ali ou vou-me embora. Mas não posso fazer escolhas na
minha vida a contar que ela vá mudar. Eu não tenho esse direito.
Porque é que as pessoas ficam doentes? Porque seguram o que
está a ir embora. Porque querem manter um ciclo que já terminou. A pessoa
continua a querer manter a sua vidinha toda compartimentada, toda controlada.
Ela já sabe o que vai fazer hoje, já sabe o que vai fazer amanhã, já sabe o que
vai fazer este mês, já sabe o que vai fazer este ano, já sabe o que vai fazer
esta vida. E chega uma altura em que acaba um ciclo, a vida começa a andar e
não há nada a fazer.
Jesus dá-nos a máxima inspiração para que consigamos
aprender a sentir os sinais de mudança e a deixar-nos ir. E mais. Para que
gostemos da experiência. Fluindo no rio da vida, vamos mesmo ter que aprender a
ir com a corrente, porque chega uma altura que é mesmo para ali que a vida vai.
E esta nova energia da Era de Aquário que está a descer é tão forte, que ou
vamos... ou vamos.
Só há duas hipóteses, ou vamos contrariados a tentar
segurar-nos em todos os troncos para tentar atrasar mais um pouco, e ficarmos
todos partidos e doentes nesse processo, ou vamos aprender a fluir com o rio e
acreditar que a vida só nos leva para onde tem que levar. Mesmo que tenhamos no
caminho experiências mais difíceis, para desbloquear e ficarmos mais leves para
a viagem. Sempre acreditando que "as coisas são o que são" e que já
que vamos ter de descer o rio, quanto mais nos conseguirmos divertir nessa
jornada melhor. E quando o rio desaguar no mar, eu posso estar de duas formas,
ou estou feliz e contente porque aprendi a divertir-me com as aventuras do
caminho, ou vou estar toda partida, incapacitada para me render ao mar. A
escolha é minha.
Por isso, cheguei à conclusão nestes anos de que nós na
realidade - e olhando as coisas de uma forma muito resumida - só viemos à Terra
fazer uma coisa. Utilizar o nosso livre-arbítrio para evoluir ou não evoluir.
Por isso, em última análise, o meu livre-arbítrio não tem a ver com voos de 70
mil quilómetros, como vou ou não vou, em que avião é que eu vou, nada disso.
Porque quando chega a hora de ir, eu vou mesmo ter que ir, e isso já está
claro. Agora a grande escolha é: vou a bem ou vou a mal, isto é, vou escolher
evoluir ou vou escolher não evoluir. E a qualidade da caminhada vai ser uma
consequência direta dessa minha escolha."
Fonte:Alexandra Solnado
in "Conexão - O que Jesus me ensinou"
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