quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Qual é a história da sua dor?





Qual é a história da sua dor?

Um acidente. A passagem de alguém amado. Aquela grande decepção. Você sabe qual foi sua dor e, mais do que isso, como aquele momento pode ter definido o rumo dos seus passos desde então.

Traumas são traiçoeiros porque mexem bem na base de nossas necessidades e, em um instinto de sobrevivência, o corpo e a mente se armam contra qualquer referência futura de uma dor parecida. É um mecanismo de defesa ditado pelo ego, soprando no ouvido a voz do medo, e que reverbera por todo o corpo, tenso, pronto para lutar ou correr ao menor sinal de perigo.

Pode ter sido aquela tia que gritava por qualquer coisa e assustou a criança, que se sentia acuada e culpada por tudo. Quando adulta levou o medo da voz alta e faz de tudo para agradar os outros, assim evita sentir o que passou na infância.

Talvez a lembrança de um relacionamento abusivo que, mesmo após o fim, faz com que toda vez que alguém novo se aproxime exista um medo irracional de que o mesmo comportamento do parceiro anterior exista no novo.

Pare e pense na dor que sua cabeça lembrou lendo até aqui. Agora traga os detalhes dessa história. Tire um minuto, eu espero.

Pronto?

Aposto que nesse momento apareceram pessoas, palavras, sentimentos, talvez até reflexos no seu corpo.

Mas preciso te contar: essa história, da maneira que você acabou de lembrar, só existe na sua cabeça. Por mais que você insista, ela não aconteceu da mesma maneira para as outras pessoas envolvidas. Certamente elas vão dizer o mesmo fato de um jeito diferente.

Isso significa que você criou essa história e é responsável por como ela reverbera na sua vida até hoje.
Sabendo disso e, com disposição e coragem para olhar para a sua ferida, te pergunto: você quer deixar sua dor para trás?

Eu sei que não é fácil. Mas esse pode ser o momento de escolha entre reviver uma dor ou entender que ela aconteceu, mas agora só existe por opção sua.

Você quer escolher a sua história?

Gabriel Galvão

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